terça-feira, maio 31, 2005

Confidências


Não consigo esquecer da paz que aquele lugar me transmite, Dizia em confidencia a uma amiga. Sempre digo que vou ficar algum tempo distante, mas, passados alguns dias a necessidade vem quase me arrastando novamente para o mesmo lugar. Minha vontade me assusta, falava isso olhando para ela e podia perceber a indignação mostrada em seus olhos.
"Não entendo. Pois em outros tempos situações que hoje me acalma, eram horrores", continuava assim a explicar. Seu sorriso sarcástico transmitia reprovação. Mas, nada falava, permanecia calada a me observar. Fiquei a imaginar como alguém conseguia tal comportamento, mesmo não aceitando minha posição. Mas, porque apenas ouvir? Até porque seus problemas eram imensos e nada podia ser feito, ela os deixava para trás. Então me lembrei de que sua capacidade de amar era imensa, o que justamente a fazia feliz, sorri com o tamanho da felicidade que ela me transmitia, sua paz amaciava a minha culpa de procurar alegria em quem a vida apenas mostrava dificuldades, na verdade a sua companhia me proporcionava calma e me dava tranqüilidade.

terça-feira, maio 24, 2005



O Beco do Cemitério

A coisa acontece no período da festa da padroeira. Os boêmios se mudam para lá. O lugar se tornou ponto de encontro para os que curtem uma cachaça pesada e muito brega. Em pouco tempo, o cantinho esquerdo da rua se enche de barraquinhas e ganha fama, ecoando vozes de bêbados. Os que pensam que cantam também vão pra lá com o violão debaixo do braço e até barraquinhas vendendo mulheres que se escondem por traz de cortinados. Sons como alympio Martins, Bartô Galeno e Adilson Ramos e outros...Também passam por ali os shows dados pelos gays que ali expõe todos seus desejos. E assim varam a madrugada. E se o beco não dormia, os vizinhos também não.Acabaram batizando o lugar, como “O Beco do Cemitério” que Conquistou seu espaço, virando ponto até dos mais recatados que se contentam em apreciar uma cervejinha bem gelada com uma deliciosa galinha caipira.

Tânia

segunda-feira, maio 23, 2005

Conquista


Não digas nada, apenas me ame!
Não quero pensar no que dirás
A tua boca velada
Será meu puro prazer

Apenas surssure palavras que me levem a loucura.
O que me deres será flor
És melhor do que pensas
Aperta-me em teus braços

Agora sussurre aquela poesia que faz meu corpo estremecer.
São os versos daquele poeta triste, só você os conhece.
Sua voz forte diz cada palavra como se fossem tuas
Daí o meu prazer vem pela segunda vez

Tânia

quarta-feira, maio 18, 2005

VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija.

Augusto dos Anjos

quinta-feira, maio 12, 2005

A Casinha Branca


Lá, no fundo da minha paisagem, afloram e desaparecem as lembranças de minha infância. Via uma casinha branca, enquanto meus irmãos brincavam por ali, eu permanecia estática contemplando aquela paisagem. E tratava descobrir o que se passava naquela casinha. Será um casal de amantes que em noites de lua cheia se amam a dizer poesias, um ao outro?
Descobri muito cedo que aquele que se detém a meditar aparece como doente à vista dos demais. E sempre fui diferente dos meus irmãos. Comecei a afastar-me o mais possível da casinha branca que me fazia sonhar.
Um certo dia parti, o desespero tomou conta de mim e utilizei todos os meus instintos para descobrir o caminho de volta, mas não o achei.
Ainda hoje, tantos anos depois, lembro-me, com um estremecimento, daquela paisagem que ainda está lá... Diferentes naturezas que nos fariam deduzir diferentes destinos!
Tânia


A cheia

A chuva cai ansiosa.
As águas correm para rio.
Mas, quando chega ao leito já não o encontra vazio.
Perde-se no encontro das águas, que desce ansiosa.

É a cheia!
O rio que ganha outras dimensões,
São as águas que mareia.
Leitos se alargarem e tomarem grandes proporções.

O rio a cidade vai levar.
Ao ouvir tal heresia.
Seu povo começa a chorar.
Suas preces e poesias

Vigilantes de sua dor e seu pranto.
Contam, que a cidade não dormia.
E em oração entoavam um canto.
Era a cidade em romaria.